A Psicoterapia Vivencial é uma articulação entre a Filosofia e a Psicologia, um dialogo que culmina em um trabalho a partir da vivência. Caracteriza-se por trabalhar a subjetividade na intersubjetividade, segundo um olhar cuidadoso para as escolhas individuais, o assumir (ou não) a responsabilidade por elas. De acordo com Veríssimo, a importância é colocada em como a consciência intenciona a si e ao mundo, a forma como se constituiu uma pessoa. Assumimos, muitas vezes, valores que não são nossos e sofremos as suas conseqüências, sem ao menos questionarmos o que de fato queremos. O que é nosso? O que nos foi imposto? O que fazemos com a nossa liberdade e o que nos impede de ser livres? Na expressão de Sartre, "somos condenados a ser livres". Esta expressão nos leva a questionar sobre as inúmeras influências que sofremos na vida.
Família, cultura, sociedade, aspectos genéticos e outros, podem nos fazer acreditar que somos meros bonecos resultantes de tais forças. Ledo engano! É evidente que todos nós sofremos este bombardeio de influências, mas elas não nos determinam de fato. "O meio pode agir sobre o sujeito somente na exata proporção em que ele o compreende, que o transforma em situação" (Sartre,1943,p.54). O individuo se faz na medida em que ele é feito pela situação e pelos acontecimentos. Ele não está feito. Ao mesmo tempo em que se define, é definido por outro e nesta mescla de passividade e atividade, precisa reinventar-se sempre. Assim, a partir da nossa situação no mundo, escolhemos e damos sentido às nossas vivências e este é precisamente o significado fenomenológico da consciência.
Como o Homem orienta as suas escolhas na vida? Como constrói sua auto-imagem? Como essa construção pode afetar as suas relações interpessoais? Há a recusa de uma construção? Fazer o Homem entrar em contato com esses mecanismos escapistas (má-fé sartriana) e reaver a sua capacidade de escolha é tarefa da Terapia Vivencial. Há um convite à reflexão a partir do chamado da vivência individual. O Homem pode escolher ser um "continuador passivo" da história que está inserido, repetindo comportamentos e valores que lhe foram impostos, ou assumir a liberdade de auto-criação, ultrapassando as barreiras que antes o bloqueavam. Assim, o objetivo da psicoterapia Vivencial é proporcionar um aumento do potencial de escolha; proporcionar uma ajuda efetiva ao cliente no sentido de descobrir-se e de auto-gerir-se; é aceitar a liberdade de ser capaz de utilizar suas próprias capacidades para existir.
Nas palavras de Gerd Bornheim: "O Homem deve ser tanto quanto possível responsabilizado, por si e pelos outros, e deve ser levado a assumir a completude de sua liberdade".
Qual será a sua escolha?